sexta-feira, janeiro 21, 2011

A Menina Que Roubava Livros - Markus Zusak


"Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler."
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Sim, como todos devem ter percebido, esse é um livro narrado pela Morte. Mas, de  uma forma inusitada e interessante, a morte a qual conhecemos não é de forma nenhuma cruel, seca e distante. Ao contrário até. Ela é sensivel, e transborda sentimento. E curiosamente ler a visão da morte, te faz pensar em gentileza.

No primeiro paragrafo do livro se lê assim:

EIS UM PEQUENO FATO
Você vai morrer. 

Em um livro que é narrado pela morte, não é uma constatação muito brilhante. Até que logo abaixo a Morte abre novo parentese:

REAÇÃO AO FATO SUPRACITADO
Isso preocupa você?
Insisto - não tenha medo.
Sou tudo, menos injusta.

A Morte se preocupando com o que você sente? Seus medos e suas preocupações?
Se isso, não é capaz de tocar seu coração e mostrar como a sensibilidade da morte nos é apresentada logo na primeira página, há ainda outra tentativa:

UM ANÚNCIO TRANQUILIZADOR
Por favor, mantenha a calma, apesar da ameaça anterior.
Sou só garganta...
Não sou violenta.
Não sou maldosa. Sou um resultado. 

E mesmo que ela não toque mais tão diretamente no assunto, você lê a versão aos olhos da Morte sobre a vida de uma garotinha, e as coisas que acontecem com a própria morte nesse periodo, e vai se descobrir solidário com a Morte.

Te juro!

E novamente apesar de não dizer isso diretamente, ela parece estar exausta de fazer o que faz, mas não há saída.

 "O ser humano não tem o coração como o meu. O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um circulo, e tenho a capacidade interminável de estar no lugar certo, na hora certa. A consequencia disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles tem de melhor e de pior. Vejo sua feiura e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas. Mas eles tem uma coisa que eu invejo. Que mais não seja, os humanos tem o bom senso de morrer."

A morte conta a história de uma menina chamada Liesel Meminger, que se passa durante a Segunda Guerra Mundial mais especificamente de 1939 a 1945. A história dessa menina, é uma das poucas histórias que a morte permite que a distraiam enquanto ela trabalha. 
E vai distrair você também. E vai emocioná-lo. E vai fazer você chorar.
Sim, foi exatamente o que a história fez comigo.

Apesar de a Morte antecipar cada acontecimento do livro antes de você ler final, te dizendo o que acontece com cada personagem antes de você terminar de ler o pedaço da história que cabe a ele, o momento final e orquestrado completamente pela visão da ceifadora enquanto vê a menina. Ela estava lá e te conta como foram as coisas que ela mesma viu.

E eu chorei litros.

"Tive vontade de lhe perguntar como a mesma coisa podia ser tão medonha e tão gloriosa, e ter palavras e histórias tão amaldiçoadas e tão brilhantes."

A verdade é que você se apaixona por todos os personagens pelos quais a história quer que você se apaixone e você odeia os que a história quer que odeie.
Você assiste o sofrimento deles e sente a mesma ansiedade. Espera pelo pior sentado ao lado da menina na rua Himmel, 33.

Eu adoro quando o livro me passa os sentimentos com força. Como um soco na cara. Enquanto você lê, os sentimentos dos personagens são os seus e você está na história.
Era assim que todo livro deveria ser.
Mas só esbarro com alguns assim. E mesmo assim muito de vez em quando.

E tem uma outra grande beleza nesse livro.

Esse livro é completamente de ficção. A história não aconteceu na realidade da Alemanha Nazista. Tudo isso veio completamente da cabeça do Autor. Mas ele ambienta os fatos de forma extraórdinária. Tanto que, se você já leu outros livros biográficos ou não sobre histórias que se passam nesse mesmo periodo, você não vê diferenciação.

O medo está lá. A indignação está lá. A vergonha está lá. E principalmente os fatos estão lá.

 Você olha para aquilo tudo com o mesmo ceticismo e indignação que você olharia para uma história real, que tenha acontecido de verdade.

e conseguir levantar seus sentimentos é principalmente a coisa mais extraordinaria desse livro. Mas não é um sentimento apenas. São vários sentimentos que transbordam de você ao mesmo tempo.

Desde o ódio pelo Führer, até a compaixão pelo amor fiel de Rudy Steiner, o tomador de decisões na infância, você é o tempo todo assomado por uma profusão deles.

É um livro que eu não tenho como recomendar mais. E ainda por cima é daquele tipo que você tem que parar de ler toda hora por que quer anotar uma citação. É divertido e engraçado também.

E por ser tudo o que tem que ser, ganha 5 estrelas. E menção honrosa nos meus favoritos.
*o*

            Citação

"Cabeça baixa. Mãos no bolso. Para sempre. Amém."

UMA ÚLTIMA NOTA DE SUA NARRADORA
Os seres humanos me assombram. 

Matta ne!
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6 comentários:

  1. É lindíssimo! Uma história que emociona. Pena ser tão triste =\

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  2. Cada vez fico mais empolgada em ler.
    Quero muiiiito!

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  3. Gostei muitíssimo deste, mas doei, assim que acabei de ler....Acho que não aguentaria ler um segunda vez...Mas claro, é uma história linda, a forma da escrita e da narrativa é simplesmente brilhante, mas é daqueles que você chora litros e mais litros....e depois, chora litros e mais litros....É triste e te marca pra sempre.

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  4. Oi... vim visitar seu blog, *vc deixou ele lá no recado no Skoob* Li esse primeiro post eeee ... Amei! Eu ganhei esse livro ano passado e *ainda não li* rsrs a capa é bonita e eu lembro que eu fiquei super animada, mas com a faculdade e livros dos grupos de estudo ele ficou esquecido, ao vir aqui e ler tudo o que vc escreveu wow, já vou pegar ele pra ler! Obrigado *-* eu já tinha esquecido dele... livros não podem ser esquecidos e ainda menos quando é a morte que conta a História...

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  5. Jheyscilane, esse livro é muito marcante. Depois de lê-lo não tenho dúvidas de que não vai tornar a esquecê-lo.
    E obrigada pela visita. Fico feliz em saber que você gostou. *-*
    E ainda mais feliz por ter feito você lembrar dessa obra maravilhosa.
    XD

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  6. Eu amei esse livro.
    O ponto de vista da morte é tão cativante, que as vezes dá pra esquecer que é ela quem conta a história.
    Fiquei um pouco frustrada quando no meio do livro já conta uma parte do final, mas ao mesmo tempo mais curiosa pra saber de fato o que ia acontecer e como ia acontecer.
    Favorito, com certeza *-*

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