terça-feira, janeiro 31, 2012

A Esperança - Suzanne Collins


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"Depois de sobreviver duas vezes à crueldade de uma arena projetada para destruí-la, Katniss acreditava que não precisaria mais de lutar. Mas as regras do jogo mudaram: com a chegada dos rebeldes do lendário Distrito 13, enfim é possível organizar uma resistência. Começou a revolução. 
A coragem de Katniss nos jogos fez nascer a esperança em um país disposto a fazer de tudo para se livrar da opressão. E agora, contra a própria vontade, ela precisa assumir seu lugar como símbolo da causa rebelde. Ela precisa virar o Tordo. 
O sucesso da revolução dependerá de Katniss aceitar ou não essa responsabilidade. Será que vale a pena colocar sua família em risco novamente? Será que as vidas de Peeta e Gale serão os tributos exigidos nessa nova guerra? 
Acompanhe Katniss até o fim do thriller, numa jornada ao lado mais obscuro da alma humana, em uma luta contra a opressão e a favor da esperança."
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Minha nossa. Jogos Vorazes.

Eu acho que essa série pode ser definida como a série da sua vida. De uma maneira ou de outra, ela vai te marcar com tanta força, que você se torna alguém diferente quando termina de lê-la.

No meu caso, especificamente, eu terminei de ler a edição brasileira ainda em 2011. Depois desse livro eu li mais alguns e tal, mas não consegui escrever nada sobre nenhum dos outros depois desse.
O caso é que a trilogia que a Suzanne criou, tão magnificamente bem, te consome. No final, você sobrevive, mas é isso. É só isso. Não há mais nada. Há vazio. Há dor. Apenas isso.
Você está igual a Katniss, a garota em chamas.
Você acorda, come, dorme e segue toda aquela sua rotina normal. Mas é apenas isso. Você continua por que tem que continuar, por que não há outra opção.

Mas o sentimento de desastre, de perda e de felicidade e tristeza ao mesmo tempo permanece.

Muitas pessoas reclamam que tanto Em Chamas, quanto A Esperança tem ritmo mais lento, que a história tem seus altos e baixos e que especialmente em A Esperança as coisas tendem a ser tediosas até.
Essas pessoas são seres abissais que foram criadas pelo pedobear que não foram absorvidos pela história como todo o resto da humanidade foi. Biltres.

O ritmo dos livros é diferente? Sim. Mas isso não pode ser considerado tedioso, uma vez que é tudo necessário para que o crescimento dos personagens aconteça.
São momentos diferentes, mas a tensão que te acompanha, desde o momento em que Katniss se oferece como tributo, ainda em Jogos Vorazes, alcança níveis alarmantes em Em Chamas e em A Esperança.

A todo o momento você sabe que não pode esperar nada de bom. Você sabe que tudo vai dar errado, a questão é apenas quando e como. Suzanne deixou isso claro lá atrás, ainda em Jogos Vorazes. Esse não é um livro para as coisas darem certo.
Você lê com uma sensação ruim no estômago.
Falando claramente, você não espera um final feliz. Por que sabe que isso não é possível e não faz sentido. Se você espera um, mesmo depois dos dois outros volumes, você é estúpido. E pronto.

Ou distraído, vai saber Deus.

E, santo Deus, como a Katniss suporta tudo aquilo, eu nem imagino.
Eu já a tinha aceitado como uma sobrevivente, mas isso tudo foi, na falta de uma palavra melhor, inacreditável.
Sei que existem pessoas que sobrevivem a desastres repetidamente. Essas pessoas, que escolhem sobreviver independente do que viveram e viram, são muito mais fortes do que eu.
Eu sei que eu não conseguiria.

Acho, e isso é a minha opinião, que apesar de ter sido seguidamente injusta, cabeça dura, cega e completamente insuportável uma porrada de vezes, Katniss é a personagem mais incrível com que eu já tive a oportunidade de compartilhar meu tempo.

Por mais que tentassem, por mais que parecesse o contrário, até o fim, Katniss não pode ser controlada.

E eu vi tanta beleza nisso!
*-*
Mas ela é uma filha da puta, sim.

O maior mérito de um livro é fazer com que seus leitores visualizem, sintam e se percam na história com tanto fervor que até mesmo as atividades diárias sejam negligenciadas em favor de sua conclusão. Quando você abre aquele volume, seu coração vibra exatamente na mesma sintonia da história e quando você fecha aquelas páginas sem concluí-lo você se sente inquieta e a única coisa em que você consegue pensar é naquele livro e no que diabos está acontecendo nas páginas que você ainda não leu. 

Como eu já disse nas resenhas de seus volumes anteriores, a série Jogos Vorazes não é satisfatória. Ela é tão realista que assusta, consome, machuca.

Mas mesmo assim você é arrebatado.

Acho que a única coisa ruim em A Esperança é a Katniss e sua indecisão de se tornar O Tordo. Já tinha reclamado disso antes e falarei de novo: A Katniss quando está dividida, quando ela ainda não se decidiu quanto ao que fazer, tende a ser cruel e insuportável.

É uma série dificil de ler, sem dúvida. E, percebo agora, que ao final dela eu entrei em uma inevitável depressão fim de livro. Acontece.
A última vez comigo foi em 2007, com o final de Harry Potter. E levemente com Percy Jackson.

A comparação entre as séries aqui é diferente de qualquer outra comparação que eu já tenha feito antes. Sabendo que Harry Potter foi a série da minha vida, eu coloco Jogos Vorazes no mesmo patamar.
Os dois finais foram insatisfatórios para mim. Por razões diferentes, mas isso já era o esperado para Jogos Vorazes.

E não confunda as coisas, Batman.

O final é insatisfatório mas perfeito. Não poderia haver um final feliz, colorido e perfeito para Katniss e todos os outros. De maneira nenhuma. Mas foi perfeito, como foi.
Não posso falar muito sem destrinchar toda a história e dar spoilers terríveis. Evitei inclusive falar do Peeta, aquele garoto incrível e maravilhoso. Por que não há como falar sobre ele sem falar tudo.

E, curiosamente, pela primeira vez li umas resenhas antes de escrever a minha própria e percebi que as pessoas que escrevem sobre A Esperança não conseguem falar sobre a história em si, mas falam sobre o que sentiram quando a leram.

E isso, mais do que qualquer outra coisa, torna a série tão extraordinária. Ela te faz SENTIR.

Seja por que você ficou horrizado e não aceita uma realidade onde crianças tem que matar umas as outras por entretenimento, ou por que o garoto do pão te conquistou com palavras e atitudes ou ainda pela coragem e natureza incontrolável da garota em chamas, você sentiu tudo. Cada vez que sangue gotejava, que tudo o que se podia ouvir era o suspiro agonizante de algum tributo, ou quando algo terrível poderia acontecer primeiro na arena, depois nos campos da guerra, quando tudo era manipulado por mentes cruelmente criativas, você sofria tudo.

Cada perda, indignação, covardia e crueldade que a Katniss sofria, é ao mesmo tempo com você.
Eu inclusive chorava, quando a própria Katniss não o fazia. Ou por que não podia ou por que não conseguia. Eu o fazia por ela.

Foi uma viagem e tanto, essa ao mundo de Panem. Sou mais do que grata por cada parágrafo e essa série é de longe uma de minhas favoritas.

Doeu? Sim. Muito.

Mas poucos livros valem tanto a pena. E talvez nenhum outro possa me apresentar uma história que me consuma tanto.



_________Citação

[...]Quando ele sussurra, "Você me ama. Real ou não real?" Digo-lhe, "Real".
(Katniss - A Esperança )